Um Conto Italiano.
O ano era 1897, o “Risorgimento”, a unificação da Itália havia sido concluída a pouco mais de 20 anos, a pobreza e muitas vezes a fome assolavam toda a península, neste tempo a melhor solução para o Reino da Itália era “vender” seus cidadão para o mundo, havia um grande processo de emigração para a América, (era assim que os italianos viam todo o continente americano), por todos os jornais borbulhavam notícias de um mundo maravilhoso onde todos tinham condições de prosperarem, enriquecerem, ter seu próprio quinhão de terra.
Stefano Dominici, um camponês de 53 anos, viu uma possibilidade de mudar de vida, sentou com sua mulher Santa, 46 anos, na ocasião grávida de seu sétimo filho e deu as boas novas, muitos parentes e vizinhos já haviam tomado a decisão, iriam para a América, ela viu com esperança a possibilidade de ver seus filhos em melhores condições do que a deles, pelo menos morreriam sabendo que eles teriam um futuro que na ocasião lhes era negado.
Stefano, chamou seu filho Enrico de 18 anos que abraçou prontamente a ideia, já Clarice de 17 anos ficou toda acabrunhada porque já estava de paquera com um ragazzo.
Para as crianças, Savino 14, Maria 11, Letizia 8 e Giovanni 5 anos tudo era festa.
Então, a Famiglia Dominici, juntou os poucos pertences que possuíam e partiram para Nápoles onde embarcaram no Vapor Manilla para a “Terra Brasilis”, vieram de “contrato” assinado com o governo de São Paulo para trabalharem em uma fazenda de propriedade do Cel. Antônio Salles em Jaboticabal - São Paulo.
Já em nossas terras nasceu Marcelina, a primeira brasileira da família, trazendo alegria e esperança para todos.
Mas os anos se passaram e a esperança de conquistar a “América” ficava cada dia mais distante, por fim, os filhos se casaram, a cada um seguiu o seu rumo, Stefano com sua mulher Santa e os filhos mais novos se estabeleceram em Ururaí, um patrimônio pertencente à Santa Adélia – SP.
Stefano veio a óbito em 17/10/1929, seu filho Giovanni que cuidou dele até o fim permaneceu no vilarejo, seus irmãos esparramaram-se e hoje “os Dominicis” se contam na casa das centenas, como herança foi nos legado o trabalho duro, a força para vencer na vida e a esperança de dias melhores.
Ninguém se tornou grande fazendeiro, ninguém ficou milionário, mas com raras exceções todos somos homens e mulheres de bem, que matam um leão por dia para vencer na vida.
Hoje, 125 anos depois, estamos buscando nossas origens, muitos já reconquistaram o direito à cidadania italiana.
E agora nos é proposta uma nova aventura, voltarmos às nossas origens, migrarmos de volta para a Itália sonhando em dar uma vida melhor para nossos filhos e netos, é o ciclo da vida que se repete e se renova a cada dia.
* Livre adaptação resumida da história da família Stefano Dominici.
Pindorama, 13/03/2023 – 131 anos do nascimento de Giovanni Dominici, meu bisavô.
Valdir Rodrigues Dominici – ítalo-brasileiro com muito orgulho.